domingo, 7 de outubro de 2012

Corpo/espaço/forças


Fotografia Nilmar Lage
O texto Corpo/espaço/forças se refere ao espetáculo de André Masseno O confete da Índia (2012) .


um corpo que toma de assalto o espaço de um retângulo e faz com que outros corpos (desejantes) se colem às paredes/ um corpo em transe que suga o ar deixando um vácuo irrespirável em torno /e outros corpos como se o ar estivesse sendo sugado dos pulmões/ um corpo que se arrasta, se esfrega, grita, corre, respinga suor, excreta mijo, cospe/  e outros corpos cujo nojo, espanto, piedade só pode se manifestar em músculos tesos,  mãos atadas, sorrisos, em olhares que se desviam da manifestação de um excesso corporal que  os leva ao estático, contidos, espremidos, na expectativa de uma queda, um ferimento, cacos de uma garrafa, arroz e feijão, milho cuspido, restos de cidra espirrando nas roupas, um tombo por cima, um grito: get off libertando , soltando, convocando demônios/ corpo-música, corpo-rítimico- corpo singular, corpo-coletivo, corpo-isso, corpo-aquilo, corpo alucinado entre corpos contidos/ corpo extático, envultado por entidades- multidão, "meu nome é legião", lugar de passagem dos gestos culturais, dos confetes da india (da Índia???) corpo macunaímico em mímicas diversas, colagem de máscaras, de poses, corpo perverso polimorfo, corpo -proteico, corpo-cultura, corpo-político, corpo-endemoniado contra corpos-policiados, corpos expectadores, corpos-que-não-dançam-não-gritam-não-fodem-não-podem-não-explodem/ corpo-convite, corpo que seduz, corpo que chama, corpo em chamas, corpo xamã,  corpo-desbunde contra corpos domesticados/ corpo-animal,corpo-cobra/ corpo tudo pode/ tudo fode, fode com tudo, corpo-deboche/ corpo-desbunde contra corpo-social.
(Ao artista cabe deixar exposto o código de conduta que se manifesta nele/ ao artista é permitido pirar porque entra e sai da experiência, porque a conduz/ a platéia obedece às regras da não interferência para não pirar, não manifestar seu corpo eis a equação corporal/ o teatro, a performance como "miroitement", como "éclat"  dos corpos do público, do corpo-público)

Ana Chiara



Novos textos de Ana Chiara III. Menino do Rio: corpo em carne viva  e Nem ele, nem ela: só garotos  (Revista Percevejo: Vol. 3, n 2, 2011) na página de textos dos integrantes do grupo (link aqui)



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